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Mostrando postagens de agosto, 2020

Quem tem medo do jornalismo?

A imprensa chegou ao Brasil de modo tardio, principalmente se comparado aos países vizinhos. Até mesmo a chegada da tipografia à colônia foi reprimida, em 1747, quando a oficina de impressão de Antônio Isidoro da Fonseca foi fechada por ordem real e todos os aparelhos confiscados. O nascimento oficial da imprensa viria apenas com a chegada da Família Real Portuguesa, que saiu em fuga de seu país de origem por conta de Napoleão Bonaparte. Assim nasce a Gazeta do Rio de Janeiro, criada pelos colonizadores como forma de propaganda do governo e manutenção do poder.  O acesso a qualquer publicação que não impressa pelo governo era terminantemente proibido. O Correio Braziliense, criado por Hipólito da Costa, jornalista exilado na Inglaterra, também foi confiscado ao chegar em solo brasileiro. O informe continha críticas ao governo português e, em 1812, a Coroa realizaria um acordo financeiro com Hipólito, a fim de amenizá-las, temendo que ideias revolucionários fossem dissemi

Conheça a Pequena Lo, a melhor TikToker de todos os tempos

2020 trouxe poucas coisas boas, mas a ascensão da digital influencer Lorrane Silva é uma prova de que nem tudo está perdido. A moça conseguiu se destacar entre os "rois" e dancinhas do TikTok, tornando-se viral com diversos vídeos hilários, que fazem sucesso não só no aplicativo, mas também em plataformas como Instagram e Twitter. A @_PequenaLo é psicóloga e palestrante, tendo passado a produzir conteúdo para a internet ainda em 2015, aos 19 anos. Ela postava vídeos de dança, humor e também dividia suas vivências quanto pessoa com deficiência física com os seguidores no Youtube. THREAD; vídeos da @/pequenalo no tiktok pra melhorar seu dia pic.twitter.com/3LjwxIkpz9 — eli🔅 (@flatlinres) August 18, 2020 Seus vídeos são de fácil identificação e conquistam todo mundo. Afinal, quem não temia o programa "Linha Direta"? Quem nunca ficou preocupado com um amigo sumido em uma festa? Quem nunca se imaginou estudando no colégio de High School Musical? Estes são alg

A cantora Tammi Terrell e seu sucesso interrompido

Tem uma canção que permeia meus karaokês no carro, ela se chama "Ain't  No Mountain High Enough" e fala sobre um amor que supera tudo. Nos vocais, estão o grande Marvin Gaye e a jovem Tammi Terrell. Logo que a canção foi lançada, em 1967, tornou-se um sucesso absoluto, a grande chance de Tammi, que já vinha lutando por isso fazia tempo. Mas complicações de saúde interromperiam sua trajetória promissora aos 24 anos de idade. Nascida na Filadélfia, descobriu-se cantora ainda na infância, no coral da igreja frequentada pela família. Aos 13, já tinha uma carreira profissional utilizando Tammy Montgomery como nome artístico, abrindo shows de grandes artistas da época e, posteriormente, lançando seus próprios singles, sem nunca entrar nas grandes paradas musicais. Os anos passaram e não alcançar o status que desejava a fez analisar outras possibilidades de carreira, inscrevendo-se no curso de medicina da Universidade de Pensilvânia. As coisas mudariam quando passou

Resenha: "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" e "Guia Politicamente Incorreto dos Anos 80 Pelo Rock"

Exato, você acabou de ler o maior título de postagem da blogosfera. Estava separando livros que tentarei trocar no sebo ao fim da pandemia e dei de cara com dois títulos sobre os quais nunca tratei aqui: "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" e "Guia Politicamente Incorreto dos Anos 80 Pelo Rock". Então, decidi dividir com vocês minha experiência ao ler os volumes da coleção.  Em 2009, o jornalista Leandro Narloch (recentemente ressurgido na mídia por episódio desagradável na CNN) lançou o primeiro livro da série, justamente o "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil", que chegou prometendo ser " o resultado de pesquisas de historiadores que não se renderam à educação tradicional à qual todos somos passados a ferro na escola " e eu, como interessado por curiosidades históricas que sou, corri até a livraria mais próxima para adquirir.  Assim que o li, pensei que a minha vida tinha sido uma mentira, afinal, tudo

Nordestern: As histórias de faroeste ambientadas no sertão brasileiro

Os filmes de faroeste são verdadeiros clássicos, protagonizados por cowboys estadunidenses e permeando a cultura ocidental. O Brasil tem o seu equivalente às obras de western, são aventuras no maior estilo bang bang ambientadas na região nordeste do país, apelidadas de nordestern. O gênero surgiu em 1953, com o filme "O Cangaceiro", que se baseava na história de Lampião e seu bando. A película foi premiada em Cannes e levou o cinema brasileiro para todo o mundo. Se nos Estados Unidos era comum que protagonistas de filmes do velho oeste  –  como Tom Mix e John Wayne  –  ganhassem suas próprias revistas em quadrinhos, aqui também aconteceu. Milton Ribeiro, destaque do filme de Lima Barreto, estrelou uma série de HQs que levava seu nome. Neste filme maravilhoso (assistam com urgência), ainda vale destacar o desempenho de Vanja Orico, que não só atuou como cantou brilhantemente e saiu em turnê por todo o mundo, divulgando a música brasileira. Ela ainda atuaria em diver

O que a "Marina Silva" de Manaus tem a nos ensinar?

Em 2014, o Brasil perdia sua chance na Copa do Mundo, em derrota humilhante para a Alemanha. Toda a nação lamentou, mas uma patriota em especial chamou a atenção da internet, tratava-se da moradora de rua Maria Solange, protagonista da história que te conto hoje. Com atuação que lembrava personagens de novela mexicana popularizadas no Brasil pelo SBT, ela acusava nossa seleção de ter se vendido. Faminta, ao fim da performance quase teatral, Maria pedia ajuda para comprar um churrasco. A mulher voltaria aos holofotes em 2020, rendendo risos em tempos sombrios e tendo seu conteúdo compartilhado até mesmo por Madonna. Hoje conhecida como "Marina Silva de Manaus", por sua suposta semelhança física com a política do  partido REDE, ela nasceu no Ceará e foi dependente química por mais de três décadas. Aos 17 anos, sem contar com o apoio de sua família, abandonou a filha aos cuidados de uma creche. Marina Silva partiu para o Amazonas como "mula" (transportadora d