Ontem em Ondina a Timbalada tocou aquela que eu te ouvia cantar sempre que fevereiro batia na porta. Vi a folia virar desalento sabendo que a simplicidade daqueles fevereiros ficou mesmo no passado. Tudo se tornou tão mais complexo na última década que nem a sinfonia de timbales te traz de volta. Lembra de como você brincava e sorria, sem se deixar abalar por pouca coisa? Eu lembro, pois sorria também e me alegrava de sua luz. Na Avenida ou na sala de casa era mesma a celebração e não havia cordas capazes de delimitar seu espaço. Agora te encontro tão melancólica. As armadilhas da mente te fizeram esquecer que fevereiro chegou trazendo de volta o carnaval. Nossos monstros internos se parecem e se encontram eventualmente. Dos meus ainda consigo fugir. Vejo-te perdida ao enfrentar os seus sem aceitar ajuda. E se eu aumentar o volume do rádio? Será que vai se lembrar de Ondina, da amizade que fazia com os cordeiros e das conversas com as Gordinhas? Embora não respondessem,
Meu resguardo pós-cirurgia de extração dos sisos me obrigou a voltar pra Netflix e, felizmente, desta vez tinha o que assistir por lá. Maratonei em uma tarde a série "Wandinha". O impacto inicial veio ao constatar que, na versão original, a protagonista se chama Wednesday (Quarta-Feira). Ainda reflexivo sobre como o primeiro tradutor chegou até Wandinha como um nome equivalente, venho aqui dividir com vocês as minhas impressões sobre a produção. A trama é focada no amadurecimento da personagem título, que passa a estudar em Nunca Mais, internato no qual seus pais se conheceram. Enquanto desenvolve seus poderes psíquicos, a adolescente acaba no centro de um mistério envolvendo uma série de assassinatos. Os dramas próprios da idade também surgem na vida da moça, que continua tentando evitar esboçar emoções. A personalidade tóxica de Wandinha e seu sarcasmo são os pontos altos da série. Melhor ainda para o espectador são os raros momentos em que ela cede aos sentimentos humanos