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Pura e verdadeira



Ontem em Ondina a Timbalada tocou aquela que eu te ouvia cantar sempre que fevereiro batia na porta. Vi a folia virar desalento sabendo que a simplicidade daqueles fevereiros ficou mesmo no passado.
Tudo se tornou tão mais complexo na última década que nem a sinfonia de timbales te traz de volta.

Lembra de como você brincava e sorria, sem se deixar abalar por pouca coisa? 
Eu lembro, pois sorria também e me alegrava de sua luz. 
Na Avenida ou na sala de casa era mesma a celebração e não havia cordas capazes de delimitar seu espaço.

Agora te encontro tão melancólica. 
As armadilhas da mente te fizeram esquecer que fevereiro chegou trazendo de volta o carnaval. 
Nossos monstros internos se parecem e se encontram eventualmente. 
Dos meus ainda consigo fugir. Vejo-te perdida ao enfrentar os seus sem aceitar ajuda.

E se eu aumentar o volume do rádio? 
Será que vai se lembrar de Ondina, da amizade que fazia com os cordeiros 
e das conversas com as Gordinhas? 
Embora não respondessem, pareciam tão atentas ao assunto...

A mim resta clamar aos guias que o amor volte a te encontrar. 
Que ele venha puro e verdadeiro, como um dia cantou. 
Que dure mais.

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