
Walther Negrão, autor da novela, confirmou que a escreveu para Danni, baseando-se na vida dela para fazê-lo, no entanto, a atriz primeiro foi rebaixada para um papel coadjuvante e depois excluída do projeto. "Sol Nascente" rendeu protestos por parte do público, já que (mesmo com a temática oriental) tinha atores brancos em sua grande maioria. Essa prática de embranquecimento, infelizmente, é bastante comum.

Mas não precisamos ir tão longe para termos mais exemplos de situações onde atores brancos foram escolhidas para representar alguém de outra etnia. O canal que exibiu Sol Nascente ( mesma casa de "Caminho das Índias", "O Clone" e "Geração Brasil") tem um vasto histórico .
A Gabriela de Jorge Amado é descrita como moça bonita com cheiro de cravo e cor de canela, além de ter sua história ambientada em Ilhéus, na Bahia. Nos anos 70, a atriz negra Vera Manhães era tida como a perfeita Gabriela, porém perdeu o papel para Sonia Braga. Na segunda versão da obra, Juliana Paes interpretou a protagonista. Ambas foram bronzeadas artificialmente.
Em entrevista à Revista Amiga, Manhães comentou sobre a oportunidade que lhe foi negada. "Acho Sonia uma excelente atriz e na certa ela conseguirá levar o papel muito bem. O negócio é com a direção. Afinal, de todas as novelas de que participei, sempre fiz papel da empregadinha (O Cafona, Bandeira 2, O Bofe e alguns especiais). Não que eu tenha pretensões de ser uma grande estrela, não. Quero apenas ter as mesmas oportunidades que outras atrizes tiveram. A verdade todo mundo enxerga, menos a direção da Globo", disse. A falta de papéis a fez deixar a carreira.
Existem ainda outros casos onde a problemática esteve mais escancarada, como a blackface descarada feita por Sérgio Cardoso na novela "A Cabana do Pai Tomás", exibida na Globo entre 1969 e 1970. A história era baseada num romance estrangeiro sobre um escravo em busca de libertação, o Pai Tomás...interpretado pelo Sérgio, um homem branco. Houve um certo movimento de repúdio contra a novela e muitos disseram que Milton Gonçalves era mais adequado para o papel, e era mesmo. Mas a Colgate-Palmolive — patrocinadora das novelas da época — escolheu o Sérgio, que se pintava de preto e punha rolhas no nariz para entrar em cena. Uma vergonha.
Quando se trata de personagens indígenas o whitewhashing é ainda maior. Como explicar Cléo Pires, Priscila Fantin e Letícia Sabatella interpretando mulheres nativas?
Esse tipo de prática alimenta esteriótipos, bem como nega trabalho a inúmeros artistas verdadeiramente asiáticos, verdadeiramente negros, verdadeiramente indígenas, que seguem em busca de oportunidades.

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