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Já houve holocausto e campos de concentração no Brasil?

O holocausto brasileiro: Memórias da Colônia de Barbacena | by ...

Já houve holocausto e campos de concentração no Brasil? A resposta para esta pergunta é sim...e não. Sim, já houve assassinato em massa e campos onde minorias sociais eram segregadas em condições desumanas no Brasil, mas em proporções que não se comparam ao ocorrido na Alemanha Nazista, onde os termos foram popularizados.

Conforme contado por Daniela Arbex no livro e documentário "Holocausto Brasileiro", 60 mil pessoas foram assassinadas no Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais. A instituição psiquiátrica foi fundada em 1903 e seus internos, ou detentos, não tinham acesso a comida, roupas, higiene e nem tratamento médico. Eram ainda submetidos a trabalho escravo.

Holocausto Brasileiro: os horrores do hospital psiquiátrico de ...

O lugar foi mais uma forma de segregação encontrada pela sociedade higienista brasileira, onde mulheres solteiras, pessoas negras, LGBTs, crianças e idosos tiveram seu fim. Muitos dos internos nem mesmo sofriam de problemas psiquiátricos. Choques elétricos eram usados como punição e muitos faleciam durante o suposto "tratamento", outros morriam de frio ou doenças geradas pelo descaso da instituição.

Depois de mortos, seus corpos eram traficados para faculdades de medicina e, quando estas já não os queriam comprar, os cadáveres eram dissolvidos, em frente aos demais internos, e a ossada era vendida. O episódio escancara o descaso com o qual pessoas com problemas psiquiátricas são tratadas no Brasil e a necessidade do fortalecimento da luta antimanicomial.

A história pouco contada dos campos de concentração da seca no ...

Quanto aos campos de concentração, foram instalados durante a seca que afligiu o nordeste em 1915, sendo divulgados como uma forma de acolher os flagelados pela situação climática que causava fome e miséria. Na verdade, a iniciativa era uma maneira de impedir que sertanejos fugissem da seca e superlotassem outras regiões, ou até mesmo que saqueassem depósitos do governo para matar a fome.

Os retirantes eram atraídos por agentes do governo com promessas de emprego, sendo trancados no que foi apelidado de "curral do governo" pela população, lá viviam subnutridos e exerciam trabalho escravo. Os currais eram estrategicamente instalados em cidades com estação de trem, onde os fugitivos eram abordados.

Currais humanos – Meus Sertões

Um dos campos ficava em Alagadiço, próximo a Fortaleza, e abrigou oito mil pessoas amontoadas. Lá, cerca de 150 pessoas morriam diariamente. A ferramenta de segregação e aprisionamento de minorias foi resgatada na seca de 1932. Estima-se que 73 mil pessoas foram confinadas nos campos de concentração do nordeste e, durante a Revolução de 1932, muitos flagelados do Ceará foram obrigados a combater nas trincheiras. 

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