Desde que George Floyd foi assassinado por um policial, nos Estados Unidos, a revolta antirracista se espalhou por todo o mundo. Hoje, na Inglaterra, manifestantes derrubaram uma estátua, jogando-a no rio que corta a cidade de Bristol, logo depois. O memorial foi erguido em homenagem a Edward Colston, em 1895.
O homem nasceu na cidade e construiu um negócio lucrativo, comercializando óleo, vinho, frutas e, posteriormente, pessoas. Em 1680, Edward se tornou membro da Companhia Real Africana, organização que tinha o monopólio do comercio inglês com a Costa Oeste da África, negociando ouro, prata, marfim e africanos para serem escravizados no Caribe e Américas, com uma alta taxa de mortalidade durante as viagens.
Edward Colston chegou ao cargo executivo mais alto da empresa e, durante o período em que lá esteve, estima-se que 84 mil homens, mulheres e crianças foram sequestrados de sua terra e transportados com o objetivo de exercer trabalhos forçados. 19 mil africanos morreram no caminho, enquanto o traficante de escravos conquistava fortuna.
Mais tarde, se tornou membro da Sociedade de Empreendedores Comercias de Bristol, ainda comercializando açúcar produzido por pessoas escravizadas. Religioso e conservador, Edward Colston doou dinheiro para igrejas, além de escolas e instituições beneficentes. A estátua foi erguida em sua memória, como agradecimento ao seu apoio financeiro, ignorando a origem do dinheiro através do qual ele conquistou a imagem de grande benfeitor da cidade de Bristol.
A discussão em torno da estátua teve inicio nos anos noventa, quando alguém rabiscou o texto escrito em sua homenagem, retirando uma das profissões pela qual fez fortuna e escrevendo "comerciante de escravos".
Foram anos de discussão envolvendo a possibilidade de retirada da estátua, sem sucesso, até que, neste domingo, manifestantes antirracistas finalmente derrubaram o simbolo escravagista, pintando de vermelho (em referência ao sangue dos que se foram em virtude do tráfico de negros) e jogando-o no porto de Bristol.
Vale lembrar que, infelizmente, muitos conservadores ainda veem a trajetória do traficante como positiva, e que seu nome está espalhado por toda a cidade, em escolas, ruas e avenidas.
A notícia ainda mais triste é que símbolos de um passado que não deve ser glorificado também existem aos montes no Brasil. Espero que não por muito tempo.
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