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Crítica: As injustiças de "A Vida e História de Madam C.J. Walker”

Madam C.J. Walker. Como os cabelos lhe deram um império

“A Vida e História de Madame C.J. Walker” é uma minissérie recentemente lançada pela Netflix, que conta como a filha de escravizados Sarah Breedlove conseguiu se tornar uma magnata da indústria da beleza afro-americana, tornando-se também a primeira mulher do país a fazer-se milionária por conta própria. Ao fazê-lo, a obra também comete injustiças. 

Carmen Ejogo como Addie Munroe

Até então, Sarah era lavadeira, ganhando pouco mais de um dólar por dia de trabalho. Na série, sua vida começa a mudar quando passa a ter sérios problemas capilares e conhece "Addie Munroe", uma mulher negra de pele clara, mais próxima ao padrão de beleza preestabelecido. Sarah deseja tornar-se sua representante de vendas, mas é rejeitada por não ter a "imagem correta", então desenvolve sua própria linha de produtos capilares, à partir dos criados por Addie.


Addie, na verdade era Annie Malone, outra grande empresária negra que alcançou o sucesso. A série peca ao reduzi-la a uma mulher rancorosa, diminuindo sua imensa importância para a indústria da beleza e para a história do povo negro, acentuando a rivalidade das duas apenas pelo efeito dramático. Funciona. “A Vida e História de Madame C.J. Walker” é um grande produto de entretenimento. Mas e as contribuições de Annie?

From Metropolis to millionaire: Annie Malone was one of the first ...
Annie Malone

Em dado momento, as duas se desentenderam e a sociedade da época fez questão de deixar claro que não existia espaço para dois grandes ícones negros na indústria, elegendo Sarah, ou Madam C.J., por ter se tornado uma figura mais midiática.

A obra baseada em fatos reais da Netflix perdeu a oportunidade de fazer essa reparação, reconhecendo Annie como pioneira, criadora de mais de 75 mil empregos para mulheres da América do Norte e do Sul, África e Filipinas.

A série é bastante interessante por contar como uma mulher negra, na América pós escravagista, conseguiu contrariar as estatísticas e obter sucesso, mas peca ao inserir maniqueísmo em uma narrativa que não tinha nenhuma vilã além da sociedade estadunidense.

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