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O apresentador de Manaus que cometia crimes para exibir na TV


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 A guerra por audiência na TV aberta já rendeu grandes pérolas. Em 2003, Gugu Liberato exibiu uma entrevista com supostos integrantes da facção criminosa PCC. Não demorou e investigações declararam a reportagem como falsa. Quem diria que outro apresentador iria ainda mais longe para ter o que mostrar em seu programa policial? Wallace Souza, então contratado do canal amazonense Novo Tempo, gerava seu próprio conteúdo gerenciando o crime organizado no estado.

O homem iniciou sua carreira na policia civil em 1979, sendo expulso após ser flagrado desviando combustível da própria corporação. Wallace tentou ser vereador de Manaus, sem sucesso, conseguindo ser eleito deputado estadual de Amazonas dois anos depois. Seu rosto se tornou ainda mais conhecido na região quando passou a apresentar o Programa Canal Livre, uma atração policiaresca que mostrava sequestros, guerra ao tráfico de drogas e assassinatos. Seu bordão, "bandido bom é bandido morto", se popularizou e é utilizado até hoje.

O apresentador dispunha de materiais aos quais outros canais não tinham acesso, como até mesmo vídeos de execuções. O que ninguém imaginava era que Wallace Souza e seu filho, Raphael Souza, programavam os crimes. Comandantes da quadrilha do esquadrão de morte e do crime organizado do estado, eles viam na eliminação de traficantes rivais uma forma de conquistar espaço no mundo do crime e gerar notícias, aumentando assim a audiência na televisão.



O esquema parecia ter dado certo até que o ex-policial Moacir Jorge Pereira da Costa denunciasse o apresentador e seu filho. Ao entrar na casa da família, a polícia encontrou grande quantidade de dinheiro, ouro, armas e munição. Wallace e seus irmãos chegaram ao local e causaram tumulto, tentando impedir a ação. Raphael Souza assumiu a responsabilidade pelo que foi encontrado e acabou preso na ocasião. Não demorou e toda a família estava sendo investigada por formação de quadrilha.

Em 2009, a Assembléia Legislativa do Amazonas iniciou a cassação do mandato do político que chorava com uma bíblia em mãos de forma teatral. Com o fim de seu foro privilegiado, Wallace Souza teve prisão preventiva decretada no dia 5 de outubro. O apresentador estava foragido, sendo procurado por agentes da Polícia Civil e Federal que já tinham armado barreiras nos portos e aeroportos de Manaus, quando finalmente se entregou.

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O ex-parlamentar que antes era cotado para assumir a Secretaria de Segurança Pública ainda foi acusado por uma produtora e repórter do seu antigo programa de tramar a morte da juíza federal Jaiza Fraxe durante reuniões de pauta. Sua saúde foi piorando desde então, resultando num ataque cardíaco fatal em 2010. 

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