Você tem depressão, alguma fobia ou questão psicológica? E se o seu médico receitasse a retirada de uma parte do seu cérebro como tratamento? Pode parecer bizarro, mas esta era uma prática comum no começo do século XX, chamada de Lobotomia. A intervenção cirúrgica desenvolvida pelo médico português António Egas Muniz perdeu popularidade por transformar os pacientes em verdadeiros vegetais quando não os levava à morte. À seguir, tratamos sobre algumas figuras conhecidas que foram vitimas do procedimento.
A cirurgia era mais comumente realizada em pessoas esquizofrênicas. Este certamente não era o caso da irmã mais nova do presidente estadunidense John F. Kennedy, Rosemary Kennedy. Apesar de não sofrer de nenhum distúrbio psicológico, seu jeito descontraído e comportamento agitado incomodaram sua família. Rosemary não era facilmente controlada pelos parentes ou pelas freiras do convento de onde insistia em fugir à noite. Temendo ter sua carreira política e a dos filhos homens atrapalhadas pelas atitudes da filha, Joseph P. Kennedy decidiu lobotomizar Rosemary sem o consentimento da mãe ou da própria menina.
Em 1941, aos 23 anos, a irmã do presidente dos Estados Unidos foi amarrada a uma mesa de operação e teve sua cabeça aberta enquanto acordada. Ao fim do procedimento, sua capacidade intelectual estava reduzida à de uma criança de dois anos de idade, sem falar ou andar. Ela viveu reclusa até seus últimos dias. O motivo foi escondido do público durante um bom tempo.
Lúcio Noeman trabalhou em uma papelaria e como vendedor ambulante, sendo encaminhado para o Serviço de Terapêutica Ocupacional em 1948, onde passou a ter contato com a modelagem de barro e, no ano seguinte, suas esculturas já estavam em exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo. A habilidade, senso artístico e prazer ao trabalhar de Lúcio eram notórios. Apesar das melhoras no quadro esquizofrênico do artista, seu psiquiatra teve o apoio da família para uma lobotomia.
A Dra. Nize de Silveira, que também acompanhava o caso, foi inutilmente contra, dizendo que o processo "decapitaria" o artista. Lúcio Noeman sobreviveu à cirurgia, mas tornou-se apático e desinteressado às suas antigas práticas. As poucas peças que esculpiu eram agora carrancas disformes.
O protagonista do primeiro filme de faroeste falado também foi submetido à intervenção evasiva. Warner Bexter já tinha estrelado diversos longas, ganhado um Oscar e se tornado o ator mais bem pago de Hoolywood quando realizou uma lobotomia a fim de aliviar dores proporcionadas pela artrite. Após o tratamento, ele realmente parou de reclamar das dores, mas também teve perda grave de memória e convulsões que o deixaram completamente incapacitado. Warner Bexter faleceu poucas semanas depois.
A pintora expressionista Sigrid Hjertén estudou design em Estocolmo e fez graduação para professora de desenho. Anos depois, sua esquizofrenia começou a se manifestar, sendo retratada também através do trabalho de Sigrid. Em 1948, lhe foi praticada uma lobotomia — mais tarde referida como desnecessária e incorreta — que a levou a óbito. Vale ressaltar que, na suécia (seu país de origem) 90% dos lobotomizados eram mulheres. Segundo os médicos da época, distúrbios comportamentais eram mais comuns ao sexo feminino.
Já Joseph Hashid foi um violinista polonês descrito como um verdadeiro prodígio. O jovem passou a ter "violentas" mudanças de humor em 1941, virando-se contra seu pai, a música e sua religião. Logo, foi internado e submetido a terapia de choque de insulina e terapia eletroconvulsiva. Seu agente, o empresário de estrelas da música clássica Harold Holt, temia por sua saúde e o considerava um gênio do violino, alguém "mais que excepcional". Após o falecimento do pai de Joseph, sua condição se tornou pior e lhe foi realizada uma lobotomia que o fez ter uma infecção pós-operatória. A doença evoluiu para meningite e o violinista faleceu aos 26 anos.
Segundo o neurocirurgião da Universidade de Yale, Daniel Nijensohn, até mesmo a primeira dama argentina Evita Perón passou por uma lobotomia pouco antes de falecer. Ele afirma que ela sofria de "dores intratáveis, crescente ansiedade, agitação e agressividade" proporcionadas pelo câncer que sofria. A atriz e líder política teria enfrentado os efeitos colaterais da intervenção, até sua morte ocasionada pelo câncer, em 1952.
O Dr. Jackson Freeman foi o responsável pela cirurgia desastrosa de Rosemary Kennedy e de outras milhares de pessoas, entre elas, vários menores de idade. O escritor Howard Dully foi um deles. Ele se tornou conhecido mundialmente em 2007 ao contar sua experiência com a lobotomia numa biografia. Freeman diagnosticou o americano como esquizofrênico quando o paciente ainda tinha quatro anos, enquanto outros psiquiatras não viam anomalia alguma no comportamento da criança. O jeito levado de Dully desagradou sua madrasta, que ameaçou o marido com o divórcio caso não concordasse com o procedimento. Com o consentimento da família, o menino foi lobotomizado por Freeman aos 12 anos e se recupera do acontecido até hoje.
Dully após a lobotomia |
Jackson Freeman não era treinado para a cirurgia e incidentes eram comuns. Em certa ocasião, ele parou o procedimento para tirar uma foto, distraindo-se e penetrando demais no cérebro do paciente, matando-o.
Esta intervenção era apenas uma entre as várias que mutilavam pacientes psiquiátricos enquanto prometiam uma cura milagrosa. Tais exemplos nos servem para ver o quanto a medicina psiquiátrica evoluiu e o quão importante é impedir seu retrocesso.
cara que loucura, fico em choque só de pensar na falta de liberdade de tantos pacientes em fazerem suas próprias escolhes. Isso é mais que um crime. O homem pode lhe tirar tudo, menos o modo de pensar, decidir, ele nunca poderia interferir nA SUA mente sem sua concordancia
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