
K - No começo de tudo o senhor era um fã de teatro,como chegou onde está hoje?
MG - Sem
dúvida o teatro fez a minha cabeça...teatro é literatura enquanto matéria
escrita... é teatro a partir do momento que se levanta o espetáculo encenado...
a literatura é uma fonte enorme de conhecimento - ela é arte e arte quanto mais
se observa, mais se estuda, mais ícones você encontra... tantos quantos
significados múltiplos... a obra é riquíssima em significados e significantes.
Comecei a
apreciar teatro, fui estudando, estudando, e continuo estudando... nunca a
gente para de estudar... ele enquanto texto (literatura), enquanto teatro
(espetáculo encenado) e enquanto crítico... Fiz escola de arte dramática e
tantos outros cursos...
K - "O Diário de Anne Frank" foi considerado o livro mais importante do século passado. Pro senhor,qual a importância de tê-lo encenado?
MG - Kauan... o que aconteceu na segunda guerra, através da Alemanha de Hitler,
além de ser uma atrocidade, fez com o que mundo tomasse posições humanistas
diferentes nas várias espécies da sociedade humana... Uma barbaridade sem
igual... todos nós temos a obrigação, mesmo não sendo judeu - mas sendo homem,
como é o meu caso, de preservar a sociedade para que isto jamais venha a
ocorrer... O teatro tem muito disto, da vida do homem, da sociedade e seu
relacionamento, dos hábitos e costumes, da religião, história etc... o teatro
levanta um questionamento e vai instigando, procurando, vestindo, buscando
alternativas, soluções, possibilidades... enquanto nós, atores, fazemos uma
leitura, 1000 leituras baseados em nossos conhecimentos e emoções enquanto
atores... juntamos tudo como se fosse a massa de um bolo e a cabeça pensante
junto com a emoção transforma aquilo que é literatura em encenação e surge o
espetáculo... Ganhei o prêmio de melhor ator com o personagem Otto Frank, pai
de Anne e a equipe ganhou o de melhor espetáculo... isto em 1967.

K - O senhor também é um grande professor. O que é mais complicado,ensinar ou atuar no meio artístico?
MG - Ambas as
funções... professor de artes e comunicação (uma) e atuante no mundo artístico
(teatro e televisão - outra) têm especificações... as duas são complicadas...
cada uma no seu âmbito... É preciso força de vontade e tesão pra cumprir uma ou
outra e até as duas... Quando gostamos do que fazemos o tesão chega rápido e
nos encantamos rapidamente... vibramos com o que estamos fazendo.
K - Qual a diferença da TV pela qual o senhor se encantou em sua juventude e a de hoje?
MG - A TV um
tanto mais antiga, também com o objetivo de "ganhar dinheiro e vender
comercial" servindo apenas como entretenimento, era bem mais cuidada do
que é hoje... a globalização não havia chegado e tudo era mais comedido no
sentido de escolha de programação... em paralelo, tínhamos uma ótima
escolaridade em termos de nível, pública e particular... hoje não temos nada...
nem escola, nem governo, nem televisão comedida... só temos bandalheira e mau
gosto... nada é feito com carinho... com algumas nuances de esquema familiar,
respeito, sonhos possíveis, fantasias... etc...Tudo é muito manipulado e o
objetivo principal é a audiência que objetiva o DINHEIRO... Os sonhos dos
pioneiros da televisão, eram preencher lacunas de atividades artísticas em
todos os níveis, além do entretenimento, uma certa dose de estímulo artístico e
educacional... ISTO NÃO VINGOU... ISTO NÃO DÁ IBOPE PORQUE A ESCOLARIDADE ESTÁ
AQUÉM DESTAS PERFORMANCES... CONSEQUENTEMENTE NÃO DÁ DINHEIRO...
K - Quais são seus projetos e objetivos hoje?
MG - Os meus
projetos e sonhos são viver bastante (risos) e continuar fazendo o que fiz
até hoje... amo demais fazer tudo isto....

Recentemente estamos entrevistando bastante pessoas,principalmente estar que fizeram história na televisão,no teatro e etc., e estou muitissimo feliz por falar com estas pessoas que tanto admiro. Muito obrigado ao senhor Mauro,e muito sucesso em todos os teus projetos futuros.
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